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terça-feira, 3 de maio de 2011

Drogas e Rehab dá música? No Japão não!

Hoje recebi uma proposta de casamento de um japonês quarentão de Osaka. Um japa que jamais troquei um e-mail sequer achou meu perfil num site de amizade e me mandou a real em poucas linhas. Simples, direto e sem firulas.

Não gritei "WTF" ou coisas do gênero porque sinceramente, já me acostumei. Esse não foi o primeiro e-mail do gênero, na verdade o quarto. 
Ao invés de ficar em choque, penso logo nas diferenças colossais entre a cultura brasileira e a ocidental. Tento me colocar no lugar da criatura nipônica e não ficar me considerando  uma peça indispensável para o japonês que atingiu uma certa idade e precisa constituir uma família. Enfim, deixa essa parte pra lá, porque o post não é exatamente sobre essa parte...

Se tem uma coisa que me deixa boquiaberta com o Japão é a seriedade com que a questão das drogas é tratada. Nos EUA e no Brasil artista que dá uma puxadinha básica vira foco da mídia, vai pro rehab, vira música e faz sucesso. Precisa nem falar de Amy Winehouse, né? Escândalos no ocidente a gente tá cansado de saber o que vira.

E no Japão?
Lá o negócio é diferente. É figura pública e pisou na bola? Deu uma cheiradinha, usou um fuminho ou não se comportou bem?  É banimento na certa! Julgado e executado!  NO FAME FOR YOU!

Exemplos? Hoje foi anunciado que a banda Cro-Magnon encerraria suas atividades. Tudo isso porque um de seus integrantes foi preso com uma marijuana básica. A criatura deixou um saquinho com o bagulho no chão de uma loja de conveniências, e o funcionário exemplar correu para avisar as autoridades. Como resultado, prisão e o fim de carreira da banda. Todos os shows foram cancelados, um novo álbum também virou pó (quase trocadilho infame!) Uma música nova seria usada no anime Hyouge Mono, e claro, será substituída. 

Outros casos parecidos? Cito dois que envolvem bandas e nosso mundo anime... 
Em 1997, o quarto encerramento de Rurouni Kenshin, "The 4th Avenue Cafe", também teve seu corte devido ao bafo da erva. A música do L'Arc~en~Ciel foi retirada do anime depois de problemas com Sakura, o baixista. Preso por porte de heroína, seguiu o destino certo dos desvirtuadores dos bons costumes e foi convidado a cair fora da banda. Graças a todos os deuses da música a banda não encerrou suas atividades. Colocaram o Yukihiro no seu lugar e a vida seguiu seu rumo...

Outro grande impacto na cena do j-pop foi a saída de Takahiro Nishikawa do Dreams Come True. Uma das maiores bandas japonesas perdeu seu tecladista por posse de drogas. O trio virou dupla, e Miwa Yoshida e Masato Nakamura continuaram a carreira...

Casos seguem aos montes. Puxando pela memória me lembro de mais alguns, mas o que importa é a essência. A noção de moralidade quase extrema para os nossos padrões. Se alguns acham exagero uma punição tão dura só por um baseadinho, é melhor pensar duas vezes. Os artistas são fonte de admiração e imitação por milhares de fãs. Se ter overdose ou encher a cara de dorgas for visto como algo natural no processo da fama e da própria vida, onde a gente vai parar? Se todos virem só o lado fácil do consumo, sem mostrar a destruição física e mental das drogas? Não sou a criatura mais moralista e certinha do planeta, mas convenhamos que tudo tem o seu limite. Admiro a severidade e a maneira como esses "deslizes" são tratados no Japão. Não é a toa que eles são um exemplo de desenvolvimento econômico e social. Se um delito é cometido o culpado deve pagar. O preço é alto, como no caso de Kosuga Tsuyoshi da banda cro-magnon. Fama, shows, destaque na mídia... Tudo indo pelo ralo de maneira irreversível por um erro tosco para nós, mas pesado demais para eles. Dá-lhe Japão!

2 comentários:

  1. Belo post. Sei que o Japão adota a pena de morte em alguns casos, por exemplo, homicídio e traição à pátria.

    O que eu gostaria de saber (e se você ou alguém por gentiliza me informar) é se o País tipifica tráfico e consumo de drogas em pena de morte ou apenas reclusão

    Carolina

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  2. Carolina

    Tráfico de drogas no japão é punível com prisão, sendo a pena de morte reservada a homicídios, latrocínio e homicídio após estupro.

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